segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Verba para moradia cria guerra de movimentos sociais.

Grupo ligado ao PSDB acusa o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) de usar ligações com PT para furar a fila do Minha Casa, Minha Vida

O Movimento dos Trabalhadores Sem-teto (MTST) não é um movimento social que faz pressão somente por habitação. É um movimento político, que luta pelo socialismo e que, embora critique a atual política econômica do governo federal, está engajado na defesa do mandato de Dilma Rousseff por considerá-la ameaçada pelo pedido de impeachment em discussão no Congresso e no Supremo Tribunal Federal (STF).
Guilherme Boulos e integrantes do MTST com a presidente Dilma e o Prefeito Haddad
A avaliação, feita na semana passada pelo principal líder nacional do MTST, Guilherme Boulos, minutos antes da maior manifestação do ano a favor de Dilma, na Avenida Paulista, no centro de São Paulo, deixa clara a posição do movimento que batalha pela manutenção e ampliação do acesso às verbas do Minha Casa Minha Vida (MCMV) Entidades, principal fonte de renda para garantir a militância do movimento.
Com novas áreas à espera de recursos do MCMV, como Novo Pinheirinho (Santo André), Dona Deda (Campo Limpo), Nova Palestina (zona sul), o MTST já conta com terreno da Copa do Povo, em Itaquera, comprado da Viver Incorporadora, que tem prevista a construção de 2.650 unidades. O dinheiro, segundo o Ministério das Cidades, já está destinado à Associação de Moradores do Acampamento Esperança de Um Novo Milênio, do MTST. A bagatela de R$ 201,4 milhões pode chegar até R$ 307,4 milhões com o acréscimo, por unidade, de R$ 20 mil do programa estadual Casa Paulista, e mais R$ 20 mil do programa municipal Casa Paulistana, da Prefeitura.
“Mas isso ainda é só plano. Não existe esse dinheiro”, diz Boulos, explicando que o único empreendimento concluído e entregue do MTST é o Condomínio João Cândido, no Taboão. Ali, o aposentado José Ferreira da Silva, de 67 anos, mora em um apartamento com a mulher, Maria Costa Gomes, de 70 anos, em um apartamento de 63 m², assoalho de azulejos brancos, portas adaptadas para eventuais necessidades especiais, com três dormitórios, sala, cozinha, área de serviço, sacadinha em prédio com elevador.
Um cálculo feito na Secretaria Estadual da Habitação, em planilhas de 2012 e 2015, mostra que o MTST já recebeu R$ 81,3 milhões pelo MCMV Entidades no estado de São Paulo. “O MTST não recebe um centavo porque o dinheiro é repassado direto para o dono do terreno”, rebate Boulos.
Segundo a secretaria, há uma lista de 29 entidades com recursos para habitação, totalizando R$ 307,7 milhões. E o MTST, sozinho, segundo os dados, detém um quarto dos recursos para construção de 3.944 unidades. “Além do João Cândido, o único recurso liberado foi o do Copa do Povo, comprado por R$ 28 milhões”, afirma Boulos.
O Copa do Povo foi ocupado pelo MTST em maio de 2014. Era uma zona de produção industrial (ZPI), que proibia a construção de residências. Uma lei municipal teve de ser criada para que a área pudesse entrar no programa de habitação. “Curiosamente, foi o vereador Police Neto (PSD), que teve até boneco queimado pelo MTST, que negociou a alteração que beneficiou o movimento”, disse um especialista em habitação da Câmara.

Modus operandi faz crescer oposição ao movimento
A política de atuação do MTST, além das práticas de pressão, como invasões de prédios e terrenos (públicos ou privados) para usá-los como ferramenta da militância contra estruturas de governo, intensificada na capital nos últimos três anos na capital paulista, começam a sofrer forte oposição na periferia.
Rosalvo Salgueiro líder do Movimento Terra de Deus Terra de Todos
“Nós não concordamos com os métodos do MTST”, diz Rosalvo Salgueiro, dirigente do Movimento Terra de Deus, de São Miguel Paulista, zona leste da capital. Ligado ao PSDB e com acesso livre ao governador Geraldo Alckmin (PSDB), Salgueiro é hoje um contraponto ao MTST na disputa que ocorre nas periferias da capital e região metropolitana por terrenos para construção de casas pelas regras do MCMV Entidades.
Por esta modalidade, que já tem 848 entidades habilitadas no Ministério das Cidades, associações de moradores e movimentos sociais “concorrem” pelo dinheiro com incorporadoras e podem obter recursos para os próprios empreendimentos, financiados por meio da Caixa Econômica Federal.
“Nós não concordamos com invasão dos terrenos e nem com o uso dessas áreas como prioridade no MCMV”, declara Salgueiro, um dos articuladores da criação de uma lista única de áreas para acesso aos recursos dos programas MCMV e da Casa Paulista, o programa estadual. Essa medida já foi aprovada em novembro no Conselho Estadual de Habitação e deve começar a ser aplicada em 2016. Pela regra da fila, apoiada por exemplo pelo secretário estadual, Rodrigo Garcia, os projetos de habitação no Estado terão de seguir critérios claros.
Primeiro, estar entre projetos do CDHU que estão migrando para o MCMV, com prioridade pelo sistema de chamamento. Depois, obedecer a ordem dos que já estão credenciados na Caixa, que seriam entre 7 mil e 8 mil unidades, além de projetos que já estão em análise.
Só aí estariam habilitados a receber a contrapartida de R$ 20 mil do Estado por unidade por meio do Casa Paulista, alcançando os R$ 96 mil aplicados na construção por unidade - o governo federal aporta R$ 76 mil. Já o MTST não quer nem saber de criação de lista. “Se o governo de São Paulo fizer isso, vai paralisar a construção de habitação”, diz Boulos. “Aí vamos acampar no Palácio”.
Tensão
Para o dirigente dos Sem Terra de Deus, o MTST “atropela” outros movimentos de moradia operando em Brasília e “indicando gente para o setor de habitação da Caixa, que aprova os projetos do MTST na frente dos de outros”. Salgueiro afirma que Boulos tem acesso direto ao Planalto porque é ligado ao PT. “Temos hoje dois blocos no movimento popular: um, que se diz socialista, alinhado com o PT e o governo federal. É nesse que está o Boulos”, diz. “Nós estamos no outro bloco, o dos socialdemocratas. ”
A tensão entre os movimentos em São Paulo, acirrada atualmente pelo clima de desgaste dos governistas e reforço da oposição ao PT, na verdade, não é de agora. “Nós tínhamos um terreno no Embu, o João Paulo 1º, que era CDHU, destinado para nós”, lembra Salgueiro. “Eles (do MTST) foram lá ocupar a área que era nossa”, diz. “Peguei o nosso pessoal e tiramos eles no pau”, arremata o líder dos sem-teto dos tucanos.
No MTST, quando se trata de críticas a Salgueiro, a conversa é desconversar. “Nós não brigamos com outros movimentos”, diz um dos dirigentes de uma associação do movimento.

Artigo de Pablo Pereira
Fonte: Jornal O Estado de São Paulo -27/12/2015

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Nunca na história deste país um vice demitiu uma presidente por carta













Leia a íntegra da carta:
São Paulo, 07 de Dezembro de 2015
Senhora Presidente,
"Verba volant, scripta manent".
Por isso lhe escrevo. Muito a propósito do intenso noticiário destes últimos dias e de tudo que me chega aos ouvidos das conversas no Palácio.
Esta é uma carta pessoal. É um desabafo que já deveria ter feito há muito tempo.
Desde logo lhe digo que não é preciso alardear publicamente a necessidade da minha lealdade. Tenho-a revelado ao longo destes cinco anos.
Lealdade institucional pautada pelo art. 79 da Constituição Federal. Sei quais são as funções do Vice. À minha natural discrição conectei aquela derivada daquele dispositivo constitucional.
Entretanto, sempre tive ciência da absoluta desconfiança da senhora e do seu entorno em relação a mim e ao PMDB. Desconfiança incompatível com o que fizemos para manter o apoio pessoal e partidário ao seu governo.
Basta ressaltar que na última convenção apenas 59,9% votaram pela aliança. E só o fizeram, ouso registrar, por que era eu o candidato à reeleição à Vice.
Tenho mantido a unidade do PMDB apoiando seu governo usando o prestígio político que tenho advindo da credibilidade e do respeito que granjeei no partido. Isso tudo não gerou confiança em mim, Gera desconfiança e menosprezo do governo.
Vamos aos fatos. Exemplifico alguns deles.
1. Passei os quatro primeiros anos de governo como vice decorativo. A Senhora sabe disso. Perdi todo protagonismo político que tivera no passado e que poderia ter sido usado pelo governo. Só era chamado para resolver as votações do PMDB e as crises políticas.
2. Jamais eu ou o PMDB fomos chamados para discutir formulações econômicas ou políticas do país; éramos meros acessórios, secundários, subsidiários.
3. A senhora, no segundo mandato, à última hora, não renovou o Ministério da Aviação Civil onde o Moreira Franco fez belíssimo trabalho elogiado durante a Copa do Mundo. Sabia que ele era uma indicação minha. Quis, portanto, desvalorizar-me. Cheguei a registrar este fato no dia seguinte, ao telefone.
4. No episódio Eliseu Padilha, mais recente, ele deixou o Ministério em razão de muitas "desfeitas", culminando com o que o governo fez a ele, Ministro, retirando sem nenhum aviso prévio, nome com perfil técnico que ele, Ministro da área, indicara para a ANAC. Alardeou-se a) que fora retaliação a mim; b) que ele saiu porque faz parte de uma suposta "conspiração".
5. Quando a senhora fez um apelo para que eu assumisse a coordenação política, no momento em que o governo estava muito desprestigiado, atendi e fizemos, eu e o Padilha, aprovar o ajuste fiscal. Tema difícil porque dizia respeito aos trabalhadores e aos empresários. Não titubeamos. Estava em jogo o país. Quando se aprovou o ajuste, nada mais do que fazíamos tinha sequência no governo. Os acordos assumidos no Parlamento não foram cumpridos. Realizamos mais de 60 reuniões de lideres e bancadas ao longo do tempo solicitando apoio com a nossa credibilidade. Fomos obrigados a deixar aquela coordenação.
6. De qualquer forma, sou Presidente do PMDB e a senhora resolveu ignorar-me chamando o líder Picciani e seu pai para fazer um acordo sem nenhuma comunicação ao seu Vice e Presidente do Partido. Os dois ministros, sabe a senhora, foram nomeados por ele. E a senhora não teve a menor preocupação em eliminar do governo o Deputado Edinho Araújo, deputado de São Paulo e a mim ligado.
7. Democrata que sou, converso, sim, senhora Presidente, com a oposição. Sempre o fiz, pelos 24 anos que passei no Parlamento. Aliás, a primeira medida provisória do ajuste foi aprovada graças aos 8 (oito) votos do DEM, 6 (seis) do PSB e 3 do PV, recordando que foi aprovado por apenas 22 votos. Sou criticado por isso, numa visão equivocada do nosso sistema. E não foi sem razão que em duas oportunidades ressaltei que deveríamos reunificar o país. O Palácio resolveu difundir e criticar.
8. Recordo, ainda, que a senhora, na posse, manteve reunião de duas horas com o Vice Presidente Joe Biden - com quem construí boa amizade - sem convidar-me o que gerou em seus assessores a pergunta: o que é que houve que numa reunião com o Vice Presidente dos Estados Unidos, o do Brasil não se faz presente? Antes, no episódio da "espionagem" americana, quando as conversar começaram a ser retomadas, a senhora mandava o Ministro da Justiça, para conversar com o Vice Presidente dos Estados Unidos. Tudo isso tem significado absoluta falta de confiança;
9. Mais recentemente, conversa nossa (das duas maiores autoridades do país) foi divulgada e de maneira inverídica sem nenhuma conexão com o teor da conversa.
10. Até o programa "Uma Ponte para o Futuro", aplaudido pela sociedade, cujas propostas poderiam ser utilizadas para recuperar a economia e resgatar a confiança foi tido como manobra desleal.
11. O PMDB tem ciência de que o governo busca promover a sua divisão, o que já tentou no passado, sem sucesso. A senhora sabe que, como Presidente do PMDB, devo manter cauteloso silêncio com o objetivo de procurar o que sempre fiz: a unidade partidária.
Passados estes momentos críticos, tenho certeza de que o País terá tranquilidade para crescer e consolidar as conquistas sociais.
Finalmente, sei que a senhora não tem confiança em mim e no PMDB, hoje, e não terá amanhã. Lamento, mas esta é a minha convicção.
Respeitosamente,
\ L TEMER
A Sua Excelência a Senhora
Doutora DILMA ROUSSEFF
DO. Presidente da República do Brasil
Palácio do Planalto

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Negligência e omissão - Caso Mariana














As causas e os impactos do rompimento da barragem de rejeitos de mineração da Samarco, empresa controlada pela Vale e pela BHP Bilinton, em Mariana (MG) ainda estão sendo investigados. A subprocuradora-geral da República, Sandra Cureau, afirma que já é possível dizer que houve “negligência e omissão” da empresa no caso.

Em entrevista à Agencia Brasil, a coordenadora da Câmara de Meio Ambiente e Patrimônio Cultural do Ministério Público Federal disse que há vários indícios de descuido, como a falta de um plano de contingência e de controle técnico sobre o volume que a barragem de rejeitos suportava. “A coisa foi tão negligenciada que nem a Samarco sabia exatamente o que estava acontecendo. Eles chegaram a falar em duas barragens rompidas, mas só se rompeu a de Fundão. Quer prova maior de negligência que isso?”

Durante a conversa, Sandra defendeu que a Samarco deve arcar com todos os prejuízos, criminais e cíveis decorrentes do desastre. Ela explicou que se a empresa não puder pagar pelo estrago, as controladoras da mineradora, a brasileira Vale e a australiana BHP Billiton, podem ser acionadas. “Não vai ser o contribuinte que vai pagar pelos prejuízos do desastre”, declarou.

A onda de lama formada a partir do rompimento da barragem de Fundão, em 5 de novembro, destruiu o distrito de Bento Rodrigues e deixou mais de 600 desabrigados. Já foram confirmadas 11 mortes,  dois corpos aguardam identificação e oito pessoas estão desaparecidas. Desde que chegou ao Rio Doce, a lama impediu a captação de água em muitas cidades, provocou a morte de toneladas de peixes e destruiu a paisagem local, até alcançar o mar no Espírito Santo.

Confira os principais trechos da entrevista:

Agência Brasil: As causas do rompimento da Barragem de Fundão ainda estão sendo investigadas. Quais são as falhas já observadas no caso?

Sandra Cureau: Houve negligência e omissão por parte da Samarco, indiscutivelmente. Barragens de rejeitos são construídas, normalmente, mais ou menos baixas, e depois vão sendo elevadas, na medida em que se coloca mais e mais resíduos. No caso era lama - mas havia também mercúrio, havia resíduos até de outras mineradoras. Para fazer a elevação de barragens é preciso que haja  controle técnico, é preciso saber quanto a barragem vai suportar, até quando está segura. E isso não foi feito, tanto que a barragem simplesmente se rompeu de uma hora para outra.

A Samarco não tinha um plano de contingência, não tinha sirene, alarme ou qualquer maneira de avisar à população. A barragem ficava na parte mais elevada da região, juntamente com os escritórios da Samarco, enquanto a comunidade e o distrito todo ficavam na parte mais baixa. Se a empresa tivesse, por exemplo, uma sirene, as pessoas imediatamente saberiam que a barragem se rompeu e talvez todas tivessem sido salvas. Porque as pessoas que conseguiram fugir, subiram. Os que não conseguiram subir a tempo, morreram.

Em um primeiro momento, eles disseram que tinham avisado o prefeito de Mariana, depois já era o líder da comunidade, que ninguém sabe quem foi. Eu participei de uma audiência pública na Câmara Federal e foi passado o depoimento de uma moradora que disse que, na verdade, ninguém avisou ninguém. No primeiro momento, a Samarco se recusou a falar com a população.

A coisa foi tão negligenciada que nem a Samarco sabia exatamente o que estava acontecendo. Eles chegaram a falar em duas barragens, mas só se rompeu a de Fundão. Quer prova maior de negligência que isso?

Agência Brasil: As empresas que controlam a mineradora Samarco -  a Vale e a BHP Billiton - podem ser responsabilizadas legalmente pela tragédia?

Sandra Cureau: Não há dúvida de que a barragem pertencia à Samarco e também não há dúvida de que quem controla a Samarco são a Vale e a Billiton. A Billiton já tem um histórico de desastres mundo afora.

A denúncia criminal pode ser feita para uma pessoa jurídica, mas tem que envolver também as pessoas físicas dos diretores. Em princípio, a denúncia será contra a Samarco e os diretores da empresa. Na responsabilidade civil, se a Samarco se tornar insolvente, aí as controladoras podem ser chamadas. Se a Samarco não tiver bens, quem vai pagar são as controladoras. Não vai ser o contribuinte que vai pagar pelos prejuízos do desastre.

Agência Brasil: Como a senhora avalia a lei de segurança das barragens de rejeitos de mineração no Brasil?

Saiba Mais
Fundo da Samarco para reparação de danos causados pela lama tem R$ 501 milhões
Sandra Cureau: O grande problema no Brasil, em relação a praticamente tudo que diz respeito ao meio ambiente, é ter pessoas para fiscalizar o cumprimento das leis. Leis, a gente tem boas e bastante, mas não tem ninguém para fiscalizar. Por exemplo, há uma quantidade imensa de mineradoras em Minas Gerais. Mas pelo que se apurou, havia quatro fiscais na Fundação Estadual do Meio Ambiente, responsável por fiscalizar. E se não há fiscalização, não adianta a lei ser boa.

Agência Brasil: O Ministério Público faz essa fiscalização?

Sandra Cureau: Não faz porque não compete ao Ministério Público. O exercício do poder de polícia compete aos órgãos ambientais estaduais e federal. Pela lei que regulamenta o Artigo 23 da Constituição Federal, a maioria das atribuições do Ibama [Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis] foi repassada para órgãos estaduais, que hoje não têm gente.

Não adianta ter leis maravilhosas se a gente não tem uma maneira de cumpri-las. Ou seja, se são dadas licenças que não podem ser dadas, se não há fiscalização das atividades. Nessa área de mineração, é uma coisa muito comum a ausência de fiscalização.

E depois, normalmente, quando termina a atividade de mineração, as empresas vão embora, deixam ali um passivo horroroso e ninguém sabe como lidar com aquilo. Isso aí é comum. A gente sempre fala isso, o Brasil tem ótimas leis, agora elas não funcionam porque os órgãos que teriam que exercer o poder de polícia, no sentido de controlar se elas estão sendo cumpridas, não fazem isso.

Agência Brasil: O Ministério Público Federal e os estados de Minas Gerais e do Espírito Santo estão trabalhando de forma coordenada?

Sandra Cureau: Pedimos ao procurador-geral da República [Rodrigo Janot] a formação de uma força-tarefa com todos os procuradores envolvidos e mais um procurador de Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro, que atuou no caso de Cataguases (MG), porque ele tem experiência no assunto.

Estamos tentando aproximar o máximo possível a atuação dos dois ministérios públicos, de Minas Gerais e do Espírito Santo, e a atuação do Ministério Público Federal nos dois estados. Há uma intenção de trabalharmos conjuntamente.

A Câmara de Meio Ambiente atuou, com o procurador-geral, para a criação da força-tarefa e na contratação de uma empresa de perícia. Porque os nossos peritos, levando em conta a dimensão do desastre, não teriam condições de fazer o levantamento de todos os danos, de todos os prejuízos ao meio ambiente e às famílias que viviam do rio, sem deixar de fazer o resto do trabalho.

Agência Brasil: Especialistas dizem que os impactos da lama de rejeitos ainda estão ocorrendo. Já é possível estimar os prejuízos do rompimento da Barragem de Fundão?

Sandra Cureau: Um fato que influiu no nosso trabalho foi que, quando os resíduos do rompimento da barragem entraram no Rio Doce, tivemos que aguardar para ver até onde iriam, para ter uma dimensão dos danos. A gente precisa ter um levantamento total para poder ajuizar uma ação, daí a necessidade de fazer exames periciais. Porque o rio morreu, os peixes morreram. Os pescadores, que tiravam seu sustento do rio, não têm mais sustento. Os animais, que bebiam a água do rio, vão ser afetados. Tudo isso tem que ser levantado.

Para ajuizar uma ação, é interessante que já se tenha uma ideia, pelo menos, do tamanho do desastre. Mesmo não sabendo o valor do dano, mas pelo menos das dimensões do desastre. Em casos como esse, vale a pena aguardar mais um pouco e ter a dimensão total.

Agência Brasil: A senhora criticou o decreto da Presidência da República que autorizou as vítimas da tragédia a sacar o FGTS. Por quê?

Sandra Cureau: A presidenta baixou um decreto no qual dizia que, para fins da lei do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, se entendia como desastre natural o rompimento da barragem da Samarco. Não é um desastre natural. Não se pode dizer isso. O Executivo falou que teria sido para propiciar que as pessoas atingidas levantassem seu FGTS.

As pessoas atingidas devem levantar o FGTS para fazer face a alguma doença, ou à velhice, não para pagar um prejuízo que não causaram e no qual não tiveram nenhuma participação. Simplesmente se repassa o prejuízo para as vítimas e com um agravante. Se para tirar o Fundo de Garantia isso é considerado desastre natural, será que não vai poder ser usado depois pela defesa da empresa para tentar descaracterizar um desastre que não é natural?

E mais: a maioria daquelas pessoas é muito pobre, é um distrito muito pobre. Que grande FGTS essas pessoas vão ter? Elas ficaram sem casa, sem móveis, sem nada. É jogar para torcida. O Fundo de Garantia não tem essa finalidade. Quem tem que pagar os prejuízos é a Samarco, não são as pessoas com seu Fundo de Garantia.

Edição: Graça Adjuto
Fonte: Agência Brasil

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

ESQUENTA A DISPUTA ENTRE ANDRÉA (x) DÓRIA


















DÓRIA PROMOVE SEMINÁRIO SOBRE CIDADE DIGITAL E SE
FIRMA COMO PRÉ-CANDIDATO

De acordo com os organizadores e membros da coordenação da pré-campanha de João Dória, a manhã de
ontem teria sido histórica. “reunimos mais de quinhentos filiados” comemora Paulo Leite nas redes sociais. De
acordo com Jorge Damião membros da coordenação o alvo nas mobilizações tem sido o que ele resolveu chamar
de (volume morte) “estamos buscando aqueles filiados antigos, que estavam afastados, meio esquecidos e o
resultado tem sido muito bom o pessoal está gostando de ter sido lembrado, convidado a participar” declarou o
Jornalista. Seja como for o fato é que realmente o auditório da FMU ficou completamente lotado para ouvir os
palestrantes e em seguida, alguns usarem da palavra para propor idéias.
Um dos palestrantes foi ninguém menos que o Subsecretário de Tecnologia e Serviços ao Cidadão do Governo
do Estado de São Paulo, Ex-Deputado Federal e Ex-Presidente Municipal do PSDB na Capital Júlio Semeghini,
além do Presidente da IBM na América Latina, Daniel Annenberg, um dos idealizadores do Poupa Tempo e atual
Presidente do Detran/SP, dentre outros.

COM UMA AGENDA ACELERADA E MUITA DISPOSIÇÃO
DÓRIA VEM OCUPANDO IMPORTANTE ESPAÇO NA BASE DO
PARTIDO


Recebido como Pop Star quando da sua entrada triunfal no auditório da FMU, Dória tem contado com o
empenho de experientes militantes no trabalho de mobilização e articulação de filiados como Roseli Geraldo de
Guaianases, Paulo Mathias ativista na Juventude, mas também com trânsito amplo na base devido a sua atuação
junto ao programa escola da família, Paulo Leite fundador e por demais articulado junto a militância e o
entusiasmado Avelázio Jacobina, dentre outras quase duas dezenas de ativistas que, segundo consta, tem
atuado diuturnamente na busca de filiados e lideranças do partido dispostas ou não a aderir a pré-candidatura
“não tem esse negócio de pescar em aquário, estamos indo falar com todo mundo, se o filiado manifestar
preferência por outra pré-candidatura a gente mostra que o Dória é a melhor proposta. Estamos ganhando
todas, o pessoal não tem política,diz que apóia esse ou aquele pré-candidato mas não faz nada, não conversa,
não convence, a gente não, a gente vai pras cabeças” afirmou uma das ativistas. Já um outro preferiu alfinetar as
equipes dos demais pré-candidatos “enquanto eles ficam lá escrevendo baboseira no Whats App, um atacando o
outro, nós estamos indo prá rua falar com os filiados deles. Tem assessor lá, que ganha uma baita grana na
Câmara prá ficar lá nas redes sociais, não juntam dez filiados, não convence meia dúzia. Na batalha mesmo eu
tenho encontrado as ações do João Câmara, esse é danado, em poucos dias já ta fazendo estrago, o Gláucio que
corre bem, joga bem, é articulado o Pierre, ele é muito rápido, a gente tem que ficar esperto com ele é por aí.
São esses os adversários que estão em campo” concluiu.

ENQUANTO ISSO ANDREA SEGUE CONSOLIDANDO
APOIOS INTERNO E BUSCANDO SE PROJETAR JUNTO A
SOCIEDADE

Ao mesmo tempo em que ele se faz presente no evento de Lançamento do Livro do seu mais ilustre apoiador
Fernando Henrique Cardoso, Andrea se desloca atÉ Guaianzes e Ciade Tiradentes “fui ver como andam as coisas
por lá e depois almocei com meus amigos Glaúcio, Pierre e Ciça” escreveu ele neste sábado. “ele tem feito muito
isso” afirma um dos assessores “de repente ele cisma do nada, pega o carro e vai parar lá no extremo leste ou
sul da cidade, chega, vai conferir problemas, rua sem asfalto, ponte caindo, enfim, ele fotografa tudo, anota tudo
é como se estivesse se preparando para prefeita” declarou o assessor.
Agindo de forma competente, a assessoria não perde tempo com baboseiras em redes sociais, ao contrário,
utilizam essas mesmas redes para divulgar cada passo e ação dod pré-candidato.
27/11/15 21:00:30: Tiago Pierre: Matarazzo bate papo com os militantes do PSDB do Diretório Zonal do Jabaquara
28/11/15 00:35:18: JULIO CLAUDIO GURGUEIRA: Parabéns ao vereador Andrea Matarazzo e sua equipe pela excelente reunião, o
Jabaquara está agradecido por sua visita !!!
Ruas da Cidade Tiradentes visitadas por Andre neste sábado, após a Câmara no seu Bairro em Guaianases

PARECE QUE O SIMBOLO DEDAL DA CAMPANHA ANDREA FICARÁ
MESMO COM O “A” E NÃO “M” COM ALGUNS PRETENDIAM

O PRESIDETNE DO DM Vereador Zuzinha que esteve no evento de aniversário de Andrea ocorrido na última
segunda feira do Circolo Italiano, exibe símbolo “dedal” da campanha Matarazzo. Aliás por falar em evento de
niver, a assessoria do pré-candidato foi rápida em enviar uma ERRATA, (leia-se) RETIFIQUE. Mal postei o
cutucano e recebi e-mail corrigindo “de acordo com a portaria do Circolo e o controle de recepção passaram
pelo evento quase 600 pessoas”.

Fonte: Cutucano - Jornalista Edson Marques

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Governador Geraldo Alckmin inicia obras da primeira PPP de Habitação Social do Brasil

O governador Geraldo Alckmin acompanhado do prefeito Fernando Haddad deu, nesta terça-feira 01/09/2015, a ordem de início das obras da primeira Parceria Público-Privada de Habitação Social do Brasil, na Rua São Caetano, nº 629, no Bom Retiro, centro da capital. No local, serão construídas 126 unidades habitacionais de interesse social do programa pela empresa Canopus Holding, vencedora da concorrência internacional para o lote 1. O evento torna o projeto inovador da PPP da Habitação no centro expandido da capital em realidade.

“Nós estamos iniciando hoje a construção do primeiro conjunto de prédios da PPP da Habitação aqui do centro expandido de São Paulo. Trata-se da primeira PPP de habitação de interesse social do Brasil”, declarou Alckmin. “É habitação para famílias de menor renda, que não têm seu teto, sua moradia. É um grande programa de requalificação urbana porque vamos trazer as pessoas de volta para morarem no Centro, mais próximas ao emprego”.

O prefeito Fernando Haddad ressaltou a sua boa relação com o governador e disse que é parceiro das PPPs desde a primeira hora.  “... quando tomei conhecimento desta proposta, peguei o telefone, liguei para o governador e disse que a prefeitura queria participar com o mesmo valor que o Estado para viabilizar o projeto (20 mil reais por unidade) e que poríamos á disposição todos os terrenos de nossa propriedade na região central da cidade necessários ao programa...”.

Rosalvo Salgueiro, representando os movimentos populares disse:  “Hoje é um dia histórico para a nossa cidade de São Paulo e para os movimentos populares, uma conquista de anos de lutas que começa a virar realidade graças à sensibilidade do nosso Governador Geraldo Alckmin, este é um programa que a gente ajudou a construir, portanto todos nós somos responsáveis pelo sucesso desse projeto, portanto governador conte conosco, conte com movimento popular para estes avanços”.

A PPP da Habitação propõe a requalificação urbana e econômica, com inclusão social. A proposta tem por objetivo promover a melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores do centro da cidade, mediante a oferta de moradias próximas aos seus locais de trabalho e dotadas de toda a infraestrutura de equipamentos urbanos. A iniciativa também contribui para recuperar áreas degradadas.

As diretrizes urbanísticas do projeto incorporam conceitos de adensamento já previstos na legislação do uso do solo da cidade e deverão propiciar espaços mais abertos, plurais e seguros. Os empreendimentos da PPP promoverão a requalificação dos bairros centrais paulistanos.

A proposta já tem a marca da ousadia desde a sua concepção ao promover, de modo inédito, a ação conjunta das três esferas do poder - Federal, Estadual e Municipal.
O programa é inovador e contempla como diretriz o incentivo de usos mistos: habitação, comércio, serviços, equipamentos públicos e melhoria de áreas livres.

O modelo
Um dos motes do projeto é aproximar a moradia do emprego e dos eixos de transporte de massa, contribuindo para reduzir o tempo de deslocamentos dos trabalhadores e permitir maior convívio com a família.

O novo modelo apresenta benefícios como o aproveitamento da infraestrutura existente. Não é apenas um projeto habitacional, mas um plano de desenvolvimento urbano que tem a habitação como foco e a inclusão social como elemento estruturante.

O objetivo é avançar com a iniciativa. A expansão já é uma realidade com o lançamento da Parceria Público-Privada da região metropolitana. E o programa será levado para as grandes cidades do Estado.

Público-alvo
O projeto destina-se às famílias trabalhadoras do centro da cidade, com atendimento a diferentes faixas de renda e manterá as reservas previstas em lei para idosos, policiais civis e militares, agentes penitenciários, pessoas com deficiência e servidores e empregados públicos.
Etapa inicial

A empresa Canopus Holding S.A., vencedora na concorrência do Lote 1, será a responsável pela produção das primeiras 3.683 unidades habitacionais. Os terrenos foram indicados pela Secretaria de Estado da Habitação.

A empresa terá de erguer 2.260 unidades de habitação de interesse social (HIS) - destinadas a famílias com renda de até seis salários mínimos (R$ 4.740) - e outras 1.423 unidades de habitação de mercado popular (HMP), que contempla famílias com renda entre seis salários mínimos e dez pisos salariais do Estado de São Paulo (R$ 8.100). Essa etapa representa o início da implantação de um modelo que pretende construir 14 mil unidades no centro expandido da capital.

O processo está sendo conduzido pela Secretaria da Habitação, por meio da Casa Paulista. A Prefeitura de São Paulo participa da parceria. Outros distritos poderão ser incluídos em função de eventuais restrições das áreas ou interesse do Poder Concedente, nos termos previstos no Edital.

Os investimentos previstos (habitação, equipamentos, comércio, serviços e obras urbanas) para o Lote 1 serão da ordem de R$ 1 bilhão, totalmente viabilizados pela iniciativa privada, que poderá buscar recursos em quaisquer instituições financeiras brasileiras ou estrangeiras, ou em instituições multilaterais de crédito. A iniciativa privada terá 20 anos de concessão sobre os empreendimentos.




quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Por que a ICAB deve ter uma Pastoral Social Libertadora?

Rosalvo Salgueiro e Dom Valdir Irineu Backmann
(Este texto foi encaminhado aos bispos da Igreja Católica Apostólica Brasileira reunidos no Concílio realizado em julho de 2015.)

A razão de ser da Igreja é continuar a missão que lhe foi dada por Nosso Senhor Jesus Cristo. Não há como negar, a temática da justiça social está no âmago da mensagem salvadora de Jesus de Nazaré, o Cristo, a quem seguimos e desejamos ser fiéis.
  
“15 E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. 16 Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado. 17 E estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome expulsarão os demônios; falarão novas línguas; 18 Pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e os curarão. 19 Ora, o Senhor, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu, e assentou-se à direita de Deus. 20 E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram. Amém”. (Marcos 16: 15-20)

É muito importante que compreendamos qual é a missão da Igreja e qual é o genuíno conteúdo do Evangelho, (boa notícia) da qual é portadora, tendo a obrigação de anunciar a praticar por ordem e em nome do seu próprio Mestre.
A Segurada Escritura é a fonte segura de orientação para a ação da Igreja e é nela que vamos encontrar o próprio Jesus de Nazaré explicando em detalhe este conteúdo;

“16 E, chegando a Nazaré, onde fora criado, entrou num dia de sábado, segundo o seu costume, na sinagoga e levantou-se para ler. 17 E foi-lhe dado o livro do profeta Isaías; e, quando abriu o livro, achou o lugar em que estava escrito: 18 O Espírito do Senhor é sobre mim, pois que me ungiu para evangelizar os pobres, enviou-me a curar os quebrantados do coração, 19 a apregoar liberdade aos cativos, a dar vista aos cegos, a pôr em liberdade os oprimidos, a anunciar o ano aceitável do Senhor. 20 E, cerrando o livro e tornando a dá-lo ao ministro, assentou-se; e os olhos de todos na sinagoga estavam fitos nele.”  
(Lucas 4: 16-20)

Tem a Igreja, portanto, em todo seu corpo ministros e fiéis, a obrigação de vivenciar este ensinamento do Mestre, e sempre que tiver alguma dúvida deve voltar à Sagrada Escritura para balizar seu entendimento e sua ação, pois é nesta medida de fé e prática que será julgada no fim dos tempos;

“31″ Quando o Filho do Homem vier em sua glória, acompanhado de todos os anjos, então se assentará em seu trono glorioso. 32 Todos os povos da terra serão reunidos diante dele, e ele separará uns dos outros, assim como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. 33 E colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda. 34 Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: ‘Vinde benditos de meu Pai! Recebei como herança o Reino que meu Pai vos preparou desde a criação do mundo! 35 Pois eu estava com fome e me destes de comer; eu estava com sede e me destes de beber; eu era estrangeiro e me recebestes em casa; 36 eu estava nu e me vestistes; eu estava doente e cuidastes de mim; eu estava na prisão e fostes me visitar’. 37 Então os justos lhe perguntarão: ‘Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer? Com sede e te demos de beber? 38 Quando foi que te vimos como estrangeiro e te recebemos em casa, e sem roupa e te vestimos? 39 Quando foi que te vimos doente ou preso, e fomos te visitar? 40 Então o Rei lhes responderá: ‘Em verdade eu vos digo, que todas as vezes que fizestes isso a um dos menores de meus irmãos, foi a mim que o fizestes! 41 Depois o Rei dirá aos que estiverem à sua esquerda: ‘Afastai-vos de mim, malditos! Ide para o fogo eterno, preparado para o diabo e para os seus anjos. 42 Pois eu estava com fome e não me destes de comer; eu estava com sede e não me destes de beber; 43 eu era estrangeiro e não me recebestes em casa; eu estava nu e não me vestistes; eu estava doente e na prisão e não fostes me visitar. 44 E responderão também eles: ‘Senhor, quando foi que te vimos com fome, ou com sede, como estrangeiro, ou nu, doente ou preso, e não te servimos? ’ 45m Então o Rei lhes responderá: ‘Em verdade eu vos digo, todas as vezes que não fizestes isso a um desses pequeninos, foi a mim que não o fizestes! 46 Portanto, estes irão para o castigo eterno, enquanto os justos irão para a vida eterna”. (Mateus 25: 31-46)

Muitos outros trechos poderiam ser assumidos para amparar esta santa obrigação, mas não se pretende aqui ficar justificando teologicamente ou aprofundar as citações bíblicas para demonstrar a necessidade da criação de uma Pastoral Social, até porque todos os senhores bispos são conhecedores das Sagradas Escrituras e cônscios da sua missão.
Por outro lado também os ensinamentos de Dom Carlos Duarte Costa, nosso santo fundador, principalmente no Manifesto à Nação, deixam-nos na obrigação de estar no meio do povo, principalmente dos mais pobres, tomando parte das suas alegrias e tristezas e sendo não só depositário das suas esperanças, mas vivenciando suas angústias e assumindo como próprias as suas revindicações.
Os Concílios da nossa Igreja, têm repetidamente produzido documentos que reafirmam esse entendimento, eis que fez constar em seu Estatuto que a ICAB tem como finalidade acessória, suas ações sociais. (art.4 II) até mesmo já se produziu um “Credo Social” e reafirmou por diversas vezes o Manifesto à Nação, inclusive publicando sua releitura e reafirmação (Manifesto à Nação II) cujas primeiras palavras são:

“A Igreja Católica apostólica Brasileira não pode ficar alheia às manifestações do seu povo que clama por justiça...”. E se pergunta: “Mas, diante de tudo isso, qual seria o papel pastoral da nossa Igreja?”.

No atual estágio de consciência social da sociedade brasileira e mundial os compromissos com a justiça social e ambiental são fatos que se pode notar com facilidade. As organizações da sociedade civil e empresas industriais e comerciais esforçam-se por demonstrar tal preocupação, pois esta tem sido mesmo uma exigência do mercado. Ainda que por outras razões, louvamos e incentivamos este comportamento.
A necessidade de uma Pastoral Social se explica pela realidade atual da organização social, política e administrativa tanto do governo brasileiro como da própria ICAB, pois hoje a vida e a convivência das pessoas, entre as quais os nossos fiéis, não se circunscreve à Paróquia ou à Diocese, assim não é raro que um mesmo fiel resida numa paróquia ou diocese, trabalhe em outra, estude numa terceira e ainda tenha outras atividades que transcendam os limites diocesanos e paroquiais.
O compromisso de atuação da ICAB para a promoção da justiça social está explicitado no art. 5º do seu Estatuto que o vincula direta e indissoluvelmente ao reconhecimento e ao exercício da dignidade humana, sendo de especial clareza os parágrafos segundo e quarto deste artigo que merecem ser aqui transcritos.

§ 2º A ICAB promoverá a solidariedade humana, que começa no lar e acaba no grande lar que é o mundo, no qual todos somos irmãos em CRISTO, sem distinção de raça, casta, seita ou classe.                                                                                      
§ 4º Sendo a dignidade humana  coisa sagrada a ICAB cooperará com as autoridades do País, dentro dos princípios evangélicos, na distribuição da assistência social.”.

Também o nosso Código Eclesiástico, em seu artigo 46º menciona a formação e funcionamento das Comissões Pastorais, sendo certo que as prevê no âmbito das Dioceses, porém nada impede de que tais Pastorais existam em nível nacional.
Certamente muitas dioceses da ICAB por seu clero ou fiéis já têm desenvolvido trabalhos sociais que em boa medida colocam-na no fiel seguimento do mandato do Senhor.
Será uma acertada medida que este Concílio aprove a formação e funcionamento de uma Pastoral Social da ICAB em nível nacional que teria como função e responsabilidade colaborar com os senhores bispos diocesanos e administradores apostólicos na articulação dos trabalhos que já existem e ou incentivando o aparecimento de outros trabalhos e que possam funcionar com a assistência e a identidade católica brasileira.
Uma pastoral social católica brasileira deve ir muito além de práticas sociais e econômicas compensatórias, deve antes de tudo buscar a emancipação dos empobrecidos do nosso povo, tal qual determina Nosso Senhor Jesus Cristo no trecho já acima citado.“O Espírito do Senhor me ungiu para apregoar liberdade aos cativos, a dar vista aos cegos, a pôr em liberdade os oprimidos, a anunciar o ano aceitável do Senhor.” (Lucas 4: 19) Não para pregar a resignação diante das injustiças sociais que são o fruto perverso do egoísmo e do pecado humano.
Assim, além de cumprir o mandamento do SENHOR e atender seus próprios princípios, a criação de uma Pastoral Social em âmbito nacional a ICAB estará dando um passo firme na direção da construção de uma sociedade justa, fraterna e solidária.

Rosalvo Salgueiro


quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Clóvis Rossi: O PT perdeu a rua

Clóvis Rossi
"...não é que o PT tenha perdido as ruas, como diz Eliane. Foi expulso delas..."

A mobilização desta quinta-feira (20) "em favor da democracia", segundo a propaganda de TV do PT, é um tremendo desafio para o partido: terá que mobilizar gente suficiente para provar que não perdeu as ruas, ao contrário do que escreveu Eliane Brum, uma das mais brilhantes jornalistas brasileiras, em sua coluna para o "El País".
Eliane se referia ao fracasso do ato em defesa do Instituto Lula, no mesmo domingo (16) da grande mobilização contra o governo Dilma Rousseff e contra o PT.
Fracasso medido em números: mesmo que houvesse as 5 mil pessoas contabilizadas pelos organizadores e não apenas as 600 apontadas pela PM, ainda assim seria menos de 5% dos que foram à Paulista (135 mil, para o Datafolha).
Ricardo Borges-13.mar.2015/Folhapress
Rio de Janeiro, RJ, BRASIL. 13 -03- 2015; Manifestacao pro governo e pro Petrobras reuniu por volta de 1.500 pessoas na Cinelandia. (Foto: Ricardo Borges/Folhapress ) *** EXCLUSIVO FOLHA ***
Manifestacao em defesa do governo e da Petrobras reuniu cerca de 1.500 pessoas no Rio
Pior: os "coxinhas" da Paulista se locomoveram por conta própria, ao passo que o "povo" do Instituto Lula teve que ser carregado por ônibus alugados pelos organizadores.
O ato desta quinta já começa mal: embora seja, evidentemente, um movimento de contraposição ao "fora Dilma" da Paulista, o PT não teve coragem de assumir essa característica. Preferiu enrolar a manifestação na bandeira da democracia, valor universal que só é contestado por meia dúzia de energúmenos.
Compreende-se o engodo: se fosse a favor do governo, não iria ninguém, dada a inédita rejeição da presidente. O governo é rejeitado até entre organizadores do ato: o governo é "indefensável do ponto de vista da política econômica e do ajuste fiscal que vem conduzindo", diz Guilherme Boulos, coordenador do MTST (Movimento dos Trabalhadores sem Teto).
Para Eliane Brum, "o partido das ruas perdeu as ruas porque acreditou que não precisava mais caminhar por elas". De fato, o PT, ao chegar ao poder, preferiu acomodar-se aos gabinetes e aos "super-coxinhas", como são os empresários e, entre eles, os executivos das empreiteiras. Luiz Inácio Lula da Silva, o líder maior do partido, é o grande exemplo: deixou o torno (há muitíssimo tempo, aliás) para se tornar companheiro das empreiteiras que o PT não se cansava de criticar quando elas faziam negócios com governos de outros partidos.
Frei Betto, de impecáveis credenciais petistas, localiza o início do divórcio com as ruas no momento em que o PT chegou ao poder federal.
"Trocou um projeto de país por um projeto de poder", afirmou o dominicano em uma recente entrevista à Folha.
Consequência inescapável: não é que o PT tenha perdido as ruas, como diz Eliane. Foi expulso delas, durante as manifestações de junho de 2013, lembra-se?
É uma perda mensurável: até aquele momento, o PT era o partido de preferência de 29% dos eleitores. Hoje, tem a simpatia de apenas 9%, apoio idêntico ao da presidente, lembra o "El País".
Para desmentir Eliane Brum, o PT terá que pôr nas ruas, no mínimo, o mesmo número de manifestantes contra ele no domingo.
Não é possível que, num país como o Brasil, haja mais "coxinhas" que "povo". E, ainda assim, será difícil medir quem foi para gritar "fica Dilma" e quem foi para gritar "fora Levy", superministro de Dilma.
Pior: os "coxinhas" da Paulista se locomoveram por conta própria, ao passo que o "povo" do Instituto Lula teve que ser carregado por ônibus alugados pelos organizadores.
O ato desta quinta já começa mal: embora seja, evidentemente, um movimento de contraposição ao "fora Dilma" da Paulista, o PT não teve coragem de assumir essa característica. Preferiu enrolar a manifestação na bandeira da democracia, valor universal que só é contestado por meia dúzia de energúmenos.
Compreende-se o engodo: se fosse a favor do governo, não iria ninguém, dada a inédita rejeição da presidente. O governo é rejeitado até entre organizadores do ato: o governo é "indefensável do ponto de vista da política econômica e do ajuste fiscal que vem conduzindo", diz Guilherme Boulos, coordenador do MTST (Movimento dos Trabalhadores sem Teto).
Para Eliane Brum, "o partido das ruas perdeu as ruas porque acreditou que não precisava mais caminhar por elas". De fato, o PT, ao chegar ao poder, preferiu acomodar-se aos gabinetes e aos "super-coxinhas", como são os empresários e, entre eles, os executivos das empreiteiras. Luiz Inácio Lula da Silva, o líder maior do partido, é o grande exemplo: deixou o torno (há muitíssimo tempo, aliás) para se tornar companheiro das empreiteiras que o PT não se cansava de criticar quando elas faziam negócios com governos de outros partidos.
Frei Betto, de impecáveis credenciais petistas, localiza o início do divórcio com as ruas no momento em que o PT chegou ao poder federal.
"Trocou um projeto de país por um projeto de poder", afirmou o dominicano em uma recente entrevista à Folha.
Consequência inescapável: não é que o PT tenha perdido as ruas, como diz Eliane. Foi expulso delas, durante as manifestações de junho de 2013, lembra-se?
É uma perda mensurável: até aquele momento, o PT era o partido de preferência de 29% dos eleitores. Hoje, tem a simpatia de apenas 9%, apoio idêntico ao da presidente, lembra o "El País".
Para desmentir Eliane Brum, o PT terá que pôr nas ruas, no mínimo, o mesmo número de manifestantes contra ele no domingo.
Não é possível que, num país como o Brasil, haja mais "coxinhas" que "povo". E, ainda assim, será difícil medir quem foi para gritar "fica Dilma" e quem foi para gritar "fora Levy", superministro de Dilma.
Clóvis Rossi
20/08/2015 12h15

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Câmara do Embu das Artes, entrega placa de Honraria a Rosalvo Salgueiro...

Rosalvo Salgueiro
A Câmara Municipal de Embu das Artes, entrega placa comemorativa  "Moção de Aplauso" a Rosalvo Salgueiro, por reconhecimento, ao Prêmio de Melhor Pratica do Mundo de 2014, pela ONU, através da UN-HABITA, foi feita uma Moção de Aplausos através da indicação do Vereador Carlos Alberto Silva Noia, o Carlinhos do Embu, com votação unânime dos seus Pares, e aprovação imediata do Presidente da Casa de Lei Vereador Ney Santos, que também esteve presente, na entrega da placa a Rosalvo Salgueiro, que contou com a presença de seu irmão Sr. Salgueiro e diversas autoridades locais e de outras cidades, como Itapecerica e Taboão da Serra, estavam no local mais de mil pessoas, sendo a maioria do Movimento Terra de Deus Terra de Todos, todos muito felizes por terem-no como líder.
Rosalvo por sua vez, não conteve a emoção, agradecendo a todos, com tantos Prêmios que já ganhou em toda sua vida, de lutas em favor das camadas mais empobrecidas da sociedade, disse que nunca tinha se emocionado tanto como neste dia 16 de agosto, um domingo que ficará para sempre em sua memória.
Câmara do Embu das Artes












terça-feira, 11 de agosto de 2015

Fé e Compromisso Social: Igreja usa o dízimo para construir casas para quem não tem onde morar



Pastor Fábio Mendonça
Nas últimas semanas, uma igreja em Araruama vem chamando atenção pela sua inovação na hora de utilizar o seu dízimo.
O pastor da Assembleia de Deus Ministério Lagoinha, Fábio Mendonça, que também é sargento da Polícia Militar da 25ª CIA em Cabo Frio, resolveu utilizar as doações arrecadas para construir casas para os membros que não tem moradia.
Ao todo, ele, com a ajuda de outros três pedreiros voluntários que trabalham aos fins de semana, já estão trabalhando em quatro casas. São quatro quitinetes que devem ficar prontas até o dia 12 de outubro.
Segundo matéria da Radio39, duas dessas casas devem ser entregues para duas senhoras que dormem na igreja.
Uma das beneficiárias do projeto, Andréa Silva Rocha, falou que recebeu a moradia no momento em que mais precisava. “Fui amparada na hora que mais precisei, hoje tenho a segurança de um lar”.
E acredite se puder, o pastor recebeu críticas pela sua iniciativa. “Alguns pastores me perguntaram se eu não estava “arrumando” muito trabalho. Se Deus pensasse no trabalho que o ser humano dá a Ele em relação à desobediência a seus princípios, não teria feito o mundo. Tudo que fazemos na vida pode nos gerar problemas, você não compra um carro, por exemplo, pensando que o pneu pode furar um dia, mas no benefício que você vai ter com o veículo”.
O pastor ainda deixou uma mensagem: “as igrejas devem ficar mais atentas à necessidade do povo. Sejam elas materiais ou espirituais. Há igrejas em que a maioria dos membros não possui necessidades financeiras, mas sempre há os que precisam de ajuda espiritual e aqueles que precisam de ajuda material”

Por Redação RPA | 3 de julho de 2015
Fonte: Razoes Para Acreditar

domingo, 9 de agosto de 2015

Rosalvo Salgueiro ganha reconhecimento e homenagem da ONU: Prêmio "Melhor Prática" de 2014



Rosalvo Salgueiro
A ONU através da UN-HABITAT, a Municipalidade de Dubai e o governo dos Emirados Árabes Unidos dão o Prêmio  Internacional de “Melhores Práticas “  para o nosso companheiro Rosalvo Salgueiro, reconhecendo sua luta como uma das melhores práticas do mundo no ano de 2014.

Rosalvo além de filósofo e teólogo é também graduado em Direito pela UNIESP e mestre em Direito Penal Internacional pela Universidade de Granada na Espanha e tem se colocado a serviço das famílias pobres das periferias das grandes cidades  e dedica-se à organização dos movimentos de sem teto e de luta pela reforma urbana, principalmente na cidade de São Paulo.

Este reconhecimento se dá principalmente por envolver as famílias pobres na solução dos seus próprios problemas através de um sistema de mutirão, de solidariedade e ajuda mútua.

Segundo palavras do próprio Rosalvo, “o que está sendo reconhecido é o trabalho e a luta por moradias dignas para o povo pobre de São Paulo, é a luta de cada um dos companheiros que merece essa distinção, pois este não é um trabalho individual e sim obra de muitos e cada um merece este e muitos mais reconhecimentos”.

O Movimento Terra de Deus, Terra de Todos e a Rede Solidariedade e o SERPAJ-Brasil  sentem-se honrados em compartilhar com vocês esta notícia. Mesmo que não trabalhemos em busca de reconhecimentos, é bom saber que nossas ações podem servir de exemplo e impulsionar outras iniciativas pelo mundo.