Cem famílias recebem apartamentos de alto padrão na Cohab I

 

Com prédios modernos, movimento popular e COHAB-SP oferecem infraestrutura inovadora para a região


Imagem do Residencial Santa Bárbara, em Arthur Alvim, Zona Leste de SP.

Crédito: Movimento Pela Moradia Leste II

Bessa Luna, São Paulo, SP

 

O Movimento Pela Moradia Leste II entregou nesta semana o “Residencial Santa Bárbara”, em Arthur Alvim, na zona leste de São Paulo. O prefeito Ricardo Nunes participou da cerimônia de entrega destacando que o empreendimento “conta com uma infraestrutura que não deve nada aos prédios do centro da cidade".

“Aqui temos quadra de esportes, playground, salão de festas e elevador”, Ricardo Nunes.

O projeto foi desenvolvido para a periferia e idealizado por ela. Dalcides Neto,  líder dos movimentos populares de Habitação de Interesse Social, afirma que a prefeitura e a Secretaria de Habitação têm feito um trabalho histórico. “Há um respeito real pelas lideranças populares, um diálogo constante com os movimentos sociais e uma abertura que há muito tempo a gente não via”, ele conta.

De acordo com Ricardo Nunes, esse resultado acontece por conta do sucesso do Programa “Pode Entrar”. “Esse programa municipal é uma maravilha porque aceita pessoas com até três salários mínimos. Diferente do programa federal “Minha Casa, Minha Vida”, que exige uma renda de 12 salários mínimos. Quem ganha 12 salários precisa de ajuda do governo pra comprar casa?”, questionou o prefeito.

Quadra de esportes do Residencial Santa Bárbara. Crédito: Movimento Pela Moradia Leste II

Quadra de esportes do Residencial Santa Bárbara. Crédito: Movimento Pela Moradia Leste II


Dalcides Neto ainda ressalta que “na Zona Leste, por muitos anos esquecida, hoje a gente vê obras e projetos saindo do papel. Mas mais importante que os números são os vínculos: essa gestão confia no povo organizado. E isso muda tudo. A cidade precisa de políticas públicas que reconheçam o protagonismo das periferias — e é isso que está acontecendo agora”.

Segundo Neto, o “Pode Entrar’ é um programa mais flexível, mais rápido e mais adaptado às necessidades das comunidades. Permite que a Prefeitura atue com entidades, compre imóveis prontos, requalifique prédios e, principalmente, reconheça o trabalho dos movimentos sociais. Isso faz com que ele entregue mais, porque está mais perto de quem precisa. É uma política pública com o pé no chão da periferia”.

 

Movimentos Populares com capacitação técnica e compromisso

Homem de terno e gravata com pessoas ao redor

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Fabricio Cobra, secretário da prefeitura; Dalcides Neto; Kátia Falcão, subprefeita da Penha; Ricardo Nunes e Rosalvo Salgueiro. Crédito: arte sobre foto de Roberta Nascimento.


 

Alexandre Mendes, coordenador do Movimento Terra de Deus, Terra de Todos, ressalta a estrutura inovadora do Movimento Leste II. “Essa proximidade e troca de informações entre os movimentos populares de habitação está beneficiando a população de baixa renda. Tivemos a experiência de conhecer o sistema digital e as instalações do Leste II e isso nos acrescentou muito”, conta ele.


Dalcides Neto, por sua vez, deu mais detalhes da formação de seu corpo técnico. “A nossa equipe é formada por um grupo técnico altamente qualificado, com arquitetos, engenheiros, assistentes sociais, advogados e lideranças comunitárias. Mas mais do que currículo, é uma equipe movida por compromisso social. O modo de operação é participativo, democrático e transparente. A gente escuta as famílias desde o início, envolve todos no processo e constrói com base na realidade do território”, descreve Neto.

 

“O reconhecimento em Arthur Alvim foi emocionante, porque mostra que a combinação entre técnica e escuta dá certo: entrega dignidade”. Dalcides Neto.

 

Dalcides Neto e seu filho, Emiliano Zapata, junto às moradoras do Residencial Santa Bárbara.
Crédito: acervo pessoal

Além da expertise na rotina de democratizar o acesso à moradia na cidade paulistana, a fé é outro ponto de convergência entre os movimentos. A conquista da casa própria é uma luta coletiva e as orações de esperança fazem muita diferença. Para chegar até o final de uma obra pública como o Residencial Santa Bárbara, é necessário persistir.

 

A fé tem um papel muito forte na luta por moradia. Não só a fé religiosa, mas a fé no futuro, nas pessoas, na mudança”, explica Neto. Guadalupe, Santa Sara, N.S. de Fátima, Padre Ticão (um dos nomes mais destacados dos movimentos e pastorais sociais das últimas décadas), Santa Rita, Maria Madalena, Santa Genoveva; e agora Santa Bárbara, são alguns dos nomes que batizam as obras lideradas por ele.

Esses nomes são escolhidos pelas comunidades e carregam um simbolismo profundo. Representam proteção, força, resistência, e homenageiam pessoas que inspiram nossa caminhada, como o Padre Ticão, por exemplo. Quando uma comunidade escolhe chamar um empreendimento de Santa Bárbara, está dizendo que acredita na luta, no sagrado e na justiça social. Cada nome carrega história, espiritualidade e esperança” conta Neto.

 

Dalcides Neto e Rosalvo Salgueiro comemoram a vitória coletiva da população em Arthur Alvim. Crédito: Bessa Luna