terça-feira, 26 de setembro de 2023

Em artigo, Maria Rita Khel defende MST e ataca grileiros

Foto: Wikimedia Commons

De forma geral, a intelectualidade brasileira se posiciona do lado correto da História, no apoio da luta das parcelas oprimidas da nossa sociedade. Entre os grandes nomes do pensamento acadêmico, pode-se destacar Maria Rita Kehl, psicanalista e escritora vencedora do Prêmio Jabuti. Em artigo publicado na revista Carta Capital, a pensadora compartilha parte de sua experiência pessoal com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), para o qual ofereceu seu trabalho de escuta psicanalista no interior de São Paulo.

No texto intitulado Quem é o fora-da-lei?, Khel compara a atuação de grandes proprietários de terras griladas com as iniciativas do MST. Escreveu: “As terras devolutas são áreas públicas férteis e não cultivadas, que quase sempre viram alvo de grileiros. Esses criminosos buscam ‘legalizar’ a posse irregular com documentação falsa.”

Sobre as ações do MST, a autora destaca o cultivo de alimentos orgânicos e as iniciativas de formação implementadas nos assentamentos. Maria Rita relata o que se passa na Escola Nacional Florestan Fernandes, que se assemelha bastante com as ações de muitos outras edificações do movimento, como o Centro de Formação Paulo Freire, no Assentamento Normandia, em Caruaru (PE).

Para ler o artigo na íntegra, clique aqui.


sexta-feira, 22 de setembro de 2023

Aldeia Juventude pela Paz celebra vinte anos de existência em Pilar, na Argentina

Crédito: Reprodução


Na periferia de Buenos Aires, existe há vinte anos um centro com atividades educativas, culturais e esportivas para jovens em situação de vulnerabilidade social. A Aldeia Juventude pela Paz, em Pilar, celebrou seu aniversário nessa semana. No evento que comemorou a data, estavam presentes administradores do local e autoridades governamentais.


"Hoje é um dia muito especial para a aldeia”, disse Pérez Esquivel durante a abertura do evento comemorativo. “Marca vinte anos de trabalho para que possamos sorrir para a vida, para que possamos ser homens e mulheres melhores, num momento tão difícil para o país, de tanto negacionismo.”


Pérez seguiu em seu discurso: “A democracia não é dada, é alcançada. Somos responsáveis ​​pela construção democrática se quisermos um mundo melhor. (...) Queremos um país de homens e mulheres livres e é por isso que lutamos. Este é o legado que deixamos."


Ações efetivas 


No amplo espaço da Aldeia, os jovens podem aprender diversos ofícios, como panificação, artesanato, apicultura e marcenaria. Para diversão, o complexo conta com um campo de futebol bastante popular entre os jovens. As iniciativas atendem semanalmente há cerca de 50 jovens de idades entre 12 e 17 anos


“Consideramos que esta é a faixa etária em que estão mais vulneráveis”, defende Ana Almada, presidente do Serpaj (mantenedora do local) desde 2020. “Porque é quando abandonam o ensino fundamental, o ensino médio ou são expulsos." Ela foi ouvida para uma matéria do site Página 12.


Parceiro na arte e na luta


Entre as atrações artísticas do dia, a Aldeia Juventude pela Paz contou com a presença do cantor Leon Gieco, que se apresentou na ocasião. No repertório, músicas de sua carreira e outras canções que remetem à luta política.


“Tem gente que nunca briga, não tem vontade de lutar, então nunca briga na vida”, disse o artista no palco. “Há outros que têm vontade de lutar e temos que lutar a vida toda. Ou seja, a luta é permanente, para conseguir um mundo melhor."


Histórico


O local, que era uma escola de formação profissional até o governo Menem (1989-1999), conta com o trabalho de mais de vinte profissionais, entre educadores e trabalhadores de zeladoria. A maioria doa sua mão de obra voluntariamente para a iniciativa. Eles atuam no atendimento de jovens que enfrentam em seu lar situações como extrema pobreza, violência, vícios e proximidade com o crime.


Apesar da jornada vitoriosa, o futuro da Aldeia Juventude pela Paz não está totalmente assegurado, uma vez que a iniciativa é financiada por verbas governamentais, sujeitas aos ventos políticos. Na era Macri (2015-2019), a edificação foi almejada para privatização e ameaçada de ser demolida. “Atearam fogo na floresta e desmantelaram parte do local", relata Almada.


Para ler a matéria (em espanhol) do site jornalístico Página 12, clique aqui.


quarta-feira, 20 de setembro de 2023

Kilombo do Capibaribe sedia Mutirão do Graffiti dia 24

 

Foto: @kilombo_capibaribe

O próximo domingo (24) será um dia recheado de atividades culturais na Ocupação Agroecológica Kilombo do Capibaribe, em Recife (PE). Na data acontece o Mutirão do Graffiti, evento com diversas atrações culturais e gratuitas.


A partir das 9h começa a vasta programação cultural do Mutirão. Entre as atividades propostas, destacam-se: diálogo comunitário, oficina infantil de graffiti, batalhas de rimas, apresentação musical e sarau com pegada política.


A iniciativa é uma realização da Rede Resistência Solidária. O Kilombo do Capibaribe fica na Av. Professor Luiz Freire, 1181, em frente à creche da UFPE.


segunda-feira, 18 de setembro de 2023

ICAB leva água encanada para o sertão cearense

 


A questão do acesso à água é de primeira importância, afinal a maior parte da nossa composição é de água. Mesmo assim, boa parte dos brasileiros ainda não tem assegurado esse direito básico. Felizmente, instituições como a ICAB (Igreja Católica Apostólica Brasileira) dedicam esforços para mitigar essa crise. A mais recente novidade nesse fronte é a instalação de encanamento no bairro de Poço do Capim, na cidade de Jaguaruana, sertão cearense.

Recentemente as obras tocadas pela ICAB foram visitadas por Rosalvo Salgueiro, coordenador geral do Movimento Terra de Deus, terra de todos. “A atitude vale muito mais do que o discurso”, relatou Salgueiro. A iniciativa não utilizou recursos públicos. 

Antes da intervenção da ICAB, a população local dependia de água de poço ou do serviço de caminhão-pipa para conseguir desenvolver as atividades domésticas mais elementares. Com a entrega dos encanamentos, os moradores do bairro terão mais segurança sanitária. Com água garantida toda vez que se abre a torneira, tem-se uma preocupação a menos para lidar.


quinta-feira, 14 de setembro de 2023

Perfil: Nathália Davi (Ocupação Agroecológica Kilombo do Capibaribe)

Foto: Felipe Duarte/curta Invasão

Caminhada pela sustentabilidade

Quem assiste ao cinema pernambucano sabe muito bem como a questão imobiliária está presente nas pautas sociais locais. Em uma cidade com crescimento desgovernado e interesses corporativos oprimindo os ideais sociais, a luta é brava. Um dos nomes dessa batalha é Nathália Davi, liderança da Comunidade Ocupação Agroecológica Kilombo do Capibaribe, que luta para que um terreno seja destinado para o estabelecimento de uma vila ecológica. 

A jornada de Nathália dentro da militância tem pontos de contato com sua vivência acadêmica. A começar pelo motivador para que ela saísse de Carpina, na Zona de Mata, para a capital do estado. Quando ela passou no vestibular para o curso de Secretariado Executivo na UFPE em 2014, teve de dar um jeito de conseguir um teto no Recife.

MUST 

Foi nessa fase da sua vida, mais exatamente em 2016, que ela conheceu a atuação do MUST (Movimento Urbano dos Trabalhadores Sem-Teto). Nathália atuava como voluntária dando aulas de reforço escolar para crianças de 5 a 8 anos de idade. Apesar de muitos dos alunos frequentarem a iniciativa da Voluntários Recife, inclusive para ter acesso à alimentação, ela percebeu que havia o abandono repentino de algumas crianças. 

Depois de uma breve investigação, ela descobriu que muitos alunos não iam mais às aulas porque seus pais estavam envolvidos em uma ocupação no bairro do Caxangá, com ações que envolviam queima de pneus para chamar atenção das autoridades e da mídia. A ação era organizada pelo MUST, movimento que Nathália começou a acompanhar de perto, apesar de ainda não se considerar uma militante.

Isso mudou durante a pandemia, quando o MUST avaliava a viabilidade de se criar uma ocupação-modelo em um terreno na Várzea. A ideia era que os futuros ocupassem a terra com lotes já definidos para cada família participante. A área era de posse da União, que doou para a Igreja que, por sua vez, vendeu o imóvel de maneira irregular para a construção de uma fábrica de ração. A obra foi embargada, tanto pelos trâmites de compra do terreno quanto pelos efeitos negativos que causaria ao seu entorno.

Autonomia Kilombola

Conforme a ocupação do Kilombo do Capibaribe ia se solidificando, ficou cada vez mais evidente que a singularidade da ação pedia por mais autonomia. Foi assim que a luta de Nathália e dos outros moradores tornou-se independente, mas sempre contando com alianças com o MUST e outros movimentos sociais.

Atualmente, a vertente ecológica da Ocupação se manifesta na instalação da Bacia de Evapotranspiração, uma tecnologia de baixo custo que utiliza as folhas da bananeira para criar uma fossa sustentável, que transforma os dejetos da comunidade em adubo. Para o futuro, o plano é usar as bananeiras do terreno para produzir doce de banana para ser comercializado e gerar renda. O produto será desenvolvido sem o uso de agrotóxico.

Outra área de ação ambiental da comunidade também está ligada à questão econômica. Nathália tem um brechó de moda circular chamado Várzea, uma iniciativa que se alia à bandeira de uma moda sustentável. 

Para o futuro, o Kilombo quer se tornar uma ecovila, mas a estrada é longa. Para isso, serão necessárias muitas ações, como o investimento em formação de mão de obra e a instalação de uma horta coletiva.

Presente e legado cinematográfico

Atualmente, a comunidade mantém suas ações enquanto espera que a ocupação complete cinco anos de existência para poder pedir a regulamentação da posse. Nesse processo, já passaram da metade do caminho.

Por outro lado, a novidade mais quente na Ocupação Agroecológica Kilombo do Capibaribe é a produção do curta-metragem Invasão ou Contatos Imediatos do Terceiro Mundo, realizado por estudantes da UFPE, mesma faculdade que Nathália frequentou e onde se formou. Apesar dessa coincidência, não foi o vínculo estudantil que levou a essa parceria.

O filme mistura linguagem documental com um lado cômico quase nonsense. O roteiro explora as consequências de uma invasão alienígena em Recife para discutir o conceito de invasão deforma mais ampla. Depois de um começo mais cômico, as cenas se direcionam para o Kilombo, para diferenciar a ideia de invasão e ocupação.

Quase como se tivesse adivinhado o futuro, desde que começou a Ocupação, Nathália realizava registros do dia a dia e da evolução das moradias no intuito de documentar a história da ocupação. A ideia era realizar algum tipo de exposição, mas a parceira com os estudantes de cinema trouxe um resultado foi muito positivo. Depois de ser exibido no Cine PE (maior festival de cinema brasileiro no Nordeste), o curta saiu do evento com os troféus de Melhor Ator e Melhor Filme pelo Júri Popular na mostra de produções pernambucanas.

terça-feira, 5 de setembro de 2023

Feira do MST em Maceió terá show gratuito de Chico César



Se 6 a 9 de setembro, a capital alagoana sedia a 22ª Feira da Reforma Agrária, na Praça da Faculdade. A expectativa é comercializar 500 toneladas de alimentos, oferecidas por 150 produtores rurais do estado. A entrega é gratuita.

“Por mais que tentem criminalizar e desmoralizar a luta pela terra em Alagoas e no Brasil, a organização coletiva dos camponeses e camponesas em luta seguirá, em marcha apresentando as reais soluções para o desenvolvimento do campo: gerar trabalho, renda e fortalecer a produção de alimentos saudáveis”, disse Débora Nunes, coordenadora do movimento. A fala da liderança ganha especial notoriedade em um cenário de perseguição na CPI do MST.

Além da feira em si, Aracaju terá acesso a atividades culturais igualmente gratuitas. Entre as atrações, destaca-se o show do cantor e compositor paraibano Chico César, que se apresenta na quarta-feira. O público também poderá ver shows de estilos musicais diversos, performances artísticas e atividades de contação de histórias.