quarta-feira, 30 de agosto de 2023

Psicóloga celebra atuação junto a movimento de moradia

Foto: @andreaaraujopsicologa (Instagram)

No dia 27 de agosto é celebrado o Dia da Psicologia. Nessa data especial, a psicóloga Andrea Araújo comemorou seu dia com a reafirmação da faceta social da sua atuação profissional. Em publicação em sua página no Instagram, ela compartilhou uma foto ao lado de Cicera, líder comunitária do Movimento de Moradia do Jardim São Luiz

A profissional de saúde concluiu em agosto um ciclo de oficinas durante as reuniões mensais do movimento, sediadas no Centro Comunitário, na Zona Sul da cidade de São Paulo. “A psicologia não deve estar restrita às salas de atendimento, mas pode avançar contribuindo com espaços públicos e organizações sociais que façam valer direitos constitucionais básicos”, escreveu Araújo.

Nas próximas reuniões do Movimento, outro ciclo de palestras de psicologia será iniciado. Os encontros acontecem no último domingo de cada mês.


quinta-feira, 24 de agosto de 2023

Documentário sobre ocupação e preservação de território ganha prêmio em Gramado



O mais badalado festival de cinema do Brasil ocorreu na Serra Gaúcha em agosto. Entre os filmes premiados no evento gaúcho, comemoramos o reconhecimento do longa-metragem Anhangabaú, laureado com o Kikito de Melhor Documentário. 

Nesta edição do evento, os documentários tiveram uma competição paralela, que premiaria apenas um título. A decisão foi amplamente criticada por colocar os filmes documentais em uma categoria de menos visibilidade, o que evidencia uma preferência do Festival de Gramado por glamour acima do discurso cinematográfico.

Anhangabaú mostra a união de três grupos: a comunidade indígena Guarani Mbya, os membros da ocupação artística Ouvidor 63 e o grupo Teatro Oficina. A ação conjunta desses atores sociais era na luta pela preservação do território indígena dentro da Zona Metropolitana de São Paulo, ameaçado pela construção de um condomínio.

O filme fala sobre especulação imobiliária e ação política da sociedade civil, especialmente da classe artística. “Nós, só por sermos realizadores, já somos agentes políticos. Essa é a cinematografia que gosto de trabalhar. Exibir em Gramado e pautar isso na sociedade é o mais importante. É um cinema de entrega”, declarou o produtor Dênis Feijão durante coletiva de imprensa ocorrida no festival.

Anhangabaú ainda não tem data de estreia comercial definida.


terça-feira, 22 de agosto de 2023

Movimento de Moradia do Jardim São Luiz realiza reunião no domingo (27)



No último domingo de cada mês, o Movimento de Moradia do Jardim São Luiz realiza uma reunião com a comunidade. No próximo dia 27 ocorre a edição de agosto no Centro Comunitário local.

A programação começa às 9 h, com a roda de capoeira das crianças e adolescentes que praticam a tradição popular brasileira no Centro Comunitário duas vezes por semana. Após a apresentação, todos os presente participam de um café da manhã comunitário, com pratos trazidos por todos os convidados.

Palestra e diálogo

Com as energias restabelecidas, às 10h ocorre a palestra com a psicóloga Andrea Brandão, como aconteceu nos últimos meses. Dessa vez, a profissional da saúde falará sobre “O progresso como objetivo de vida".

Logo em seguida, às 11h, começa o Diálogo Político. O tema será a importância do Conselho Municipal da Pessoa Idosa. Membros da instituição irão falar de sua atuação, além de alertar para as eleições do Conselho, que acontecem durante o mês de setembro.

A manhã comunitária se finaliza com a apresentação da programação futura. A partir de setembro, outra equipe de psicologia inicia oficinas nas reuniões do Movimento, com três oficinas que seguem até novembro.



sexta-feira, 18 de agosto de 2023

Padre Rogélio Cruz defende reorganização da estrutura político-social

Crédito: Reprodução/YouTube

Recentemente, Padre Rogélio Cruz concedeu entrevista ao programa de TV Ser Humano. Com apresentação de María Elena Núñez, a atração foi formada por uma longa conversa com o líder social dominicano. Você poderá conferir o material no vídeo mais abaixo, falado em espanhol.

Entre os diversos assuntos levantados, o religioso relatou sobre suas primeiras experiências com as desigualdades sociais. Ele sentiu no meio familiar a opressão sobre o proletário. Seu pai era agricultor e era obrigado a conceder metade de sua produção para o dono da terra, apesar de ter executado sozinho todo o trabalho.

Menos partidos, mais movimentos sociais

Mais adiante, o enfoque do papo foi sobre política. A apresentadora fez uma indagação genérica, do tipo que se pode esperar na maioria de situações semelhantes a essa, com destaque para eleições, corrupção, tráfico de drogas e o futuro oferecido para os jovens.

Em sua resposta, Padre Rogélio preferiu ir para a raiz do problema. Ele defendeu uma total reorganização político-social, pois enxerga que o sistema político não é mais compatível com o mundo contemporâneo. 

No lugar da formatação engessada, o padre atentou para outros agentes políticos, que provavelmente deveriam ser mais relevantes do que os partidos. Entre eles, os movimentos sociais e os ambientalistas. Na visão de Rogélio, eles é que indicarão os caminhos a serem trilhados no futuro.







quarta-feira, 16 de agosto de 2023

Em CPI de tom ruralista, Stédile esclarece atuação do MST

Michel Jesus/ Câmara dos Deputados

Depois de ser instalada apesar de não apresentar um fato determinado a investigar, a CPI do MST caminha para seu término. Ontem (15), foi a vez de ouvir João Pedro Stédile, uma das principais lideranças do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra. Quando confrontado com as teorias de bolsonaristas e/ou ruralistas, o economista não seguiu uma tônica agressiva. Stédile preferiu apresentar dados e argumentos sólidos.

O principal embate se deu com o deputado Ricardo Salles (PL-SP), relator da comissão. Quando indagado sobre as acusações feitas por outros depoimentos dados à comissão, a liderança do MST relatou se tratar de casos anedóticos. Como o movimento lida com meio milhão de famílias assentadas, não é justo que três casos selecionados com uma agenda difamatória sejam tomados como um retrato honesto da instituição.

Outro momento de destaque no depoimento de João Pedro se deu quando Salles lhe perguntou sobre a existência de algum movimento de natureza semelhante na China. Sem precisar defender o governo do maior parceiro comercial do Brasil, Stédile relatou que não havia um MST chinês pelo simples fato de que aquele país já realizou a reforma agrária em meados do século passado. Portanto, se há reforma agrária implementada, não há razão para a existência de um movimento que milita contra a concentração fundiária.

A desmoralização do uso político do dispositivo parlamentar foi observado desde a instalação da mesma, povoada por casos de machismo e uso de fake news. No dia 3, durante o depoimento de José Rainha à CPI, tivemos outro exemplo das estratégias dos deputados oposicionistas. 

O líder da Frente Nacional de Luta Campo e Cidade (FNL) foi inquirido sobre os processos a que foi submetido. Sem entrar em clima belicoso, Rainha trouxe os acontecimentos: muitas absolvições e uma coleção de acusações, sempre relacionadas à luta pelo direito à terra.

Diante do cenário, o relator Ricardo Salles desistiu de pedir a prorrogação das atividades da Comissão. Portanto, a fala de Stédile pode ser considerada o último prego no caixão da CPI de forte caráter ideológico



segunda-feira, 14 de agosto de 2023

Perfil: Cícera (MMJSL-SP)


A luta é todo dia

Na madrugada do último final de semana de julho, Maria Cicera Mineiro da Silva, ou apenas Cicera do Jardim São Luiz, não conseguia dormir. Em sua mente, se preocupava com uma pendência para o evento que ocorreria dali poucas horas

Naquele domingo ocorreu uma das reuniões do Movimento de Moradia do Jardim São Luiz, na Zona Sul da cidade de São Paulo. Entre as atividades do dia, uma oficina de manufatura de hortas direcionada às crianças. A única demanda para Cicera era providenciar garrafas PET para que os pequenos plantassem verduras e ervas para temperos. Entretanto, ela acabou se esquecendo da promessa feita ao oficineiro e perdeu o sono. 

A solução estava ao alcance das mãos. A líder comunitária pegou o celular e acionou um dos grupos de WhatsApp de moradores e pediu pela sucata para a oficina. Resultado: uma montanha de garrafas em quantidade muito acima do que o necessário, o que rendeu um grande saco de sobras para serem utilizadas em outras edições da oficina.

Visão panorâmica

O obstáculo narrado é pequeno perto de tudo que Cicera teve de superar em sua jornada. Contudo, essa pequena história ilustra a visão ampla da líder comunitária. Em seu raciocínio, as tais garrafas PET eram essenciais para o funcionamento da reunião de associados. Cicera sabe que ensinar as crianças sobre tema tão relevante é muito importante. 

Por outro lado, ela também está consciente que, quando os pequenos estão engajados em atividades lúdico-educativas, eles não ficam correndo no meio da quadra do centro comunitário. Aí, seus pais e os demais associados não se distraem com a comoção infantil e conseguem prestar atenção ao tema da palestra de uma hora que assistirão.

Nesses encontros, que reúnem mais de 450 pessoas, os adultos assistem à fala de um especialista sobre temas variados: economia, ecologia, psicologia, cidadania, entre outros. Tais eventos são a frente de extensão do movimento por moradia liderado por Cicera. Ela entende que sua luta não termina quando seus parceiros conquistam a casa própria, concentrando parte de sua energia para outra bandeira: a conscientização e formação política dos moradores. Assim, consegue ocupar espaços que anteriormente eram restritos a outras classes sociais, como órgãos decisórios de participação popular.

De Alagoas para São Paulo

Muito antes dos encontros comunitários que demandam garrafas PET, o começo da jornada de Cicera que a levou ao posto de liderança comunitária pode ser estipulado em 1974. Foi quando ela chegou a São Paulo, vinda de Maceió (AL), sua cidade-natal. Como tantos outros nordestinos, Cicera fez a viagem ao sul em busca de melhores oportunidades. 

Além dos desafios inerentes a essa escolha, a futura líder tinha outros empecilhos, principalmente o patriarcado. Sozinha na metrópole, Cicera não conseguia fechar um contrato de aluguel, pois os locadores exigiam que ela tivesse uma família constituída, daquelas "lideradas" por um marido.

Formação da guerreira

Foi nesse contexto que ela soube, durante um trajeto de ônibus, da ocupação de um terreno perto da represa de Guarapiranga O ano era 1980 e essa iniciativa foi parte de uma ação integrada de movimentos por moradia, que organizou ocupações simultâneas nos quatro cantos da capital.

Lá em Guarapiranga, eram cerca de 700 famílias que conseguiram ficar por cinco meses no terreno. Isso até uma ação de restituição de posse, com os casos típicos de truculência e violência policial contra os pobres. A repercussão midiática desse confronto colocou holofotes no movimento, que conseguiu um acordo. Parte aceitou receber três meses de aluguel para se realocar, enquanto outros (Cicera inclusa) foram se abrigar em uma escola por mais quatro meses.

Cicera e seus parceiros só saíram de lá depois de assinar contrato que garantia moradia para eles pela Cohab. Foi assim que 350 famílias foram alocadas no Jardim São Luiz, entre eles Cicera, na casa onde mora até hoje. O restante daqueles que se abrigam na escola foram para a Zona Leste.

A sombra do machismo persiste

No acordo após a ação orquestrada, cada contemplado teria um terreno de 75 m² e material de construção suficiente para levantar um cômodo de 5m x 4m. O problema era que tal oferta seria apenas para famílias constituídas. Assim, Cicera e mais uma dúzia de companheiras se viram novamente na mira do patriarcado.

Dentro do próprio movimento elas encontravam oposição e negligência de informações – mas não era isso que pararia a alagoana. Cicera e suas parceiras descobriram quando ocorreria a reunião com o prefeito Reinaldo de Barros e invadiram o evento. Seis delas conseguiram chegar até a sala onde estavam os homens que negociaram o acordo, as autoridades municipais e membros da imprensa.

Foi com essa ação extremada que Cicera conseguiu ser ouvida, tanto pelo poder público quanto pela imprensa. O saldo dessa iniciativa foi o privilégio de ser a primeira a assinar contrato, para desespero da macharada. Ela fez questão de participar do começo desse processo para acompanhar tudo de perto e garantir que outras pessoas desfrutassem dessa vitória.

Luta por moradia e cidadania

Depois que conquistou seu teto, Cicera poderia assentar, mas seu espírito inquieto e perfil de liderança não permitem. Ela venceu seguidas eleições para ser líder do movimento de sua comunidade, novamente para desgosto da homarada. Felizmente a democracia é mais robusta do que pití de macho.

Nesse posto, perpetua e expande a luta há décadas. Além de gerir o Movimento de Moradia do Jardim São Luiz, Cicera batalha por empreendimentos em outros locais. Suas ações já ultrapassaram os limites municipais, resultando em morada para mais de 1000 famílias

Sua visão ampla não a deixa sossegar, consciente de que não é só teto que constitui um cidadão. A luta também é por infraestrutura: creche, asfalto e outras melhorias nos arredores.

Comunidade e comunhão

A complexidade das batalhas também é explicitada nas reuniões no centro comunitário. Enquanto Cicera buscava as garrafas para a horta, os moradores conversavam empolgados nos grupos de WhatsApp para coordenar o cardápio do café da manhã coletivo. Enquanto um oferece um bolo, outra se propõe a levar uma torta e assim todos asseguram o estômago cheio de quitutes feitos com muito amor.

Essa comoção é a prova de que Cicera e seu movimento estão na rota correta. Afinal, as reuniões mensais são mais do que oportunidade de aprendizado, são momentos de comunhão. São nesses eventos que quem já foi contemplado com moradia entra em contato com quem ainda está na espera, costumeiramente demorada. Nesses encontros, além do café da manhã caprichado, os presentes ganham uma dose de ânimo para persistir na luta, pois ela vale a pena. E enquanto lideranças como Cicera se manifestam, a força é multiplicada.


terça-feira, 8 de agosto de 2023

Evento em Embu marca a entrega de mais de 200 contratos




O último sábado (5) foi um dia de festa na cidade de Embu das Artes (SP). A razão de comemorar foi a entrega de 210 contratos de compra de apartamentos do empreendimento Fama

A iniciativa de construção é organizada pelo Movimento Terra de Deus, terra de todos. Tais contratos são referentes aos futuros moradores que são atualmente atendidos pelo auxílio-aluguel. 

O empreendimento irá entregar um total de mais de 2.300 unidades divididas em dez condomínios. Essa ação terá grande impacto na cidade, que conta com menos de 300 mil habitantes. Os fundos para a construção foram obtidos através de edital da CDHU. 

No evento de sábado, estavam presentes representantes de diversas esferas. Da organização do empreendimento, estavam Rosalvo Salgueiro (presidente do Terra de Deus, terra de todos) e Alexandre Mendes, coordenador responsável por esse projeto. Além deles, também registra-se a presença de Ney Santos (prefeito de Embu das Artes) e de representantes de outros movimentos parceiros.