Black Friday na Petrobras
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José Aníbal |
A informação de que a Petrobras
considera vender parte do campo de Libra, no pré-sal, caiu como um soco no
estômago do brasileiro. Lula e Dilma arrasaram a empresa. Como numa Black
Friday, a estatal tenta vender apressadamente ativos importantes para tapar os
rombos da gestão temerária e da ladroagem. É um saldão do tipo "o gerente
enlouqueceu".
A lista que vem sendo aventada é
extensa: mais de 20 usinas termelétricas, milhares de postos de gasolina BR,
redes de gasodutos da Gaspetro (entre eles o Brasil-Bolívia), embarcações da
Transpetro, fábricas de fertilizantes, participações em usinas petroquímicas e
de biocombustíveis, operações no Golfo do México e, principalmente, campos de
exploração no pré e no pós-sal.
No início do ano, falava-se em
arrecadar 13 bilhões de dólares. Agora, já se fala em 57 bilhões de dólares até
2018. É um desmonte. É uma amputação da Petrobras. E justo no momento em que o
mercado internacional de petróleo vive seu período de menor rentabilidade, de
modo que os ativos da empresa devem ser vendidos a preço de banana. Vão
entregar e barato.
Entre os campos, o único no
pós-sal é o de Tartaruga Verde e Mestiça, na Bacia de Campos. O resto, tudo no
pré-sal: Júpiter, Carcará, Pão de Açúcar, Leme e Sagitário, além de Libra, o
mais valioso de todos, na Bacia de Santos, onde se estimam reservas monumentais
entre 8 e 12 bilhões de barris. Depois de tanta bravata política, o governo vai
entregar o filé mignon do pré-sal.
Concluída a lipoaspiração no
plano de investimento, que minguou os aportes da Petrobras ao mesmo patamar de
sete anos atrás, a estatal deve também começar a demitir funcionários. Enxugar
a base da empresa é a palavra da vez. Querem cortar até 30% dos custos
operacionais. Claro, fazem isso sorrateiramente. Falam em "otimização de
custos de pessoal".
Depois que uma explosão seguida
de incêndio levou a pique a plataforma P-36, em 2001, quando 11 petroleiros
perderam suas vidas, o PT rapidamente denunciou um plano deliberado de
sucateamento da empresa por parte do governo tucano. A estratégia, segundo
eles, era sucatear para entregar barato. O que teriam a dizer agora essas
pessoas? Aliás, onde elas estão? Por que silenciam?
Ver a Petrobras vendendo o almoço
para pagar a janta fere os brios do povo brasileiro. A derrocada seria apenas
mais uma história de infortúnio empresarial, se ela não fosse o símbolo da soberania
e da força de todo um país. Quantos milhares de empregos o PT destruiu ao
fragilizar a Petrobras? Apenas no Comperj foram 35 mil! Quantas oportunidades
foram desviadas do nosso futuro? E, principalmente, quem será responsabilizado
por isso?
Por José Aníbal: Presidente
nacional do Instituto Teotônio Vilela e senador suplente pelo PSDB-SP. Foi
deputado federal e presidente nacional do PSDB.