Dois dias após ataque paramilitar, crianças Guarani e Kaiowá seguem desaparecidas em Mato Grosso do Sul
G.L.G, de 11 anos, e T.V.B, de 10 anos, sumiram sem
deixar rastros em meio a chuva de tiros disparada pelos agressores, ao mesmo
tempo em que era ateado fogo no acampamento indígena, queimando todos os
pertences da comunidade. Os Guarani e Kaiowá não descartam a hipótese das
crianças terem sido sequestradas. No ataque, por muito pouco uma criança não
acabou carbonizada, como relatou nota do Ministério Público Federal, publicada
no fim da tarde desta sexta-feira, dia 26.
Tape Rendy, indígena Guarani e Kaiowá desabafou:
“Estas crianças se criaram aqui, conhecem bem este terreno, já deviam ter
voltado. A comunidade está revoltada. Não aguenta mais a dor pelos pequenos que
sumiram. Se eles levaram não será a primeira vez. Perguntem nas aldeias, sempre
levam crianças”.
Após o incidente, o deputado Paulo Pimenta,
presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados,
que veio pessoalmente ao Mato Grosso do Sul apurar os danos e violações
causados pelos ataques e garantir a proteção dos indígenas, solicitou uma
equipe de busca para encontrar os meninos.
Em ação conjunta com o Procurador da República, Ricardo Pael, também garantiram a presença de aproximadamente 30 soldados da Força Nacional que passaram a atuar na segurança dos indígenas nas retomadas.
Em ação conjunta com o Procurador da República, Ricardo Pael, também garantiram a presença de aproximadamente 30 soldados da Força Nacional que passaram a atuar na segurança dos indígenas nas retomadas.
Na manhã de hoje, após a confirmação do
desaparecimento e tendo-se passado mais de 48 horas do ataque cometido contra
os indígenas, iniciou-se as buscas pelos dois pequenos Kaiowá. Uma equipe
formada por membros da Operação Guarani da Funai e soldados da Força Nacional,
buscou durante toda a manhã pelos meninos. Vasculhou todo o território
compreendido como Kurusu Ambá sem, porém, obter nenhum sucesso. A equipe esteve
em todas as casas, dispostas ao longo de três núcleos familiares (acampamentos)
indígenas e posteriormente percorreu todo o entorno, entrando inclusive na sede
reocupada pelos produtores, mais uma vez sem ter nenhum sinal das crianças.
O grupo partiu no início desta tarde para outras
terras indígenas da região com esperança de que os pequenos, apavorados após o
ataque, possam ter se dirigido para algumas delas procurando abrigo. A terra
indígena mais próxima é Taquapery, que fica a mais de 20 km do local dos
incidentes. Após Taquapery, as distâncias ganham quilômetros
consideráveis.
Informações
sobre as crianças desaparecidas
G.L.G, 11 anos, é filho de Mario Lescano e Eliane
Gomes. T.V.B, 10 anos, e é filho de Lenivaldo Vasques e Maria Lucia Martins.
Ambos da etnia Guarani e Kaiowá.
Fonte da notícia: Cimi Regional Mato Grosso do Sul