Milícia promove massacre em assentamento do MST
Da redação São Paulo, SP
Dez homens armados utilizaram cinco carros e duas motos para massacrar o assentamento Olga Benário em Tremembé, no Vale do Paraíba, a 140 Km da capital São Paulo. A barbárie deixou 10 feridos e levou a óbito Valdir do Nascimento, 52, o Valdirzão e Gleison Barbosa de Carvalho, 28.
O Movimento Sem Terra declarou que "mesmo após diversas denúncias” não houve resposta dos órgãos públicos para garantir a segurança ou qualquer policiamento no local. 45 famílias vivem no assentamento regularizado pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) há 20 anos. Manoel Carlos de Almeida Neto, ministro da justiça, manifestou que houve violação aos direitos humanos.
"O assentamento Olga Benário enfrenta uma intensa disputa com especulação imobiliária voltada para o turismo e lazer, devido à sua localização estratégica na região do Vale do Paraíba. Há anos as famílias vêm sofrendo ameaças e coerções constantes", MST (site oficial).
Em 2024, o programa Terra da Gente entrou em pauta no Congresso Nacional para assentar os sem-terra. É grande a expectativa do anúncio de um investimento de 700 milhões de reais para a aquisição de terras disponíveis. Entre outros pontos, a medida permite a inclusão produtiva, ajuda na resolução de conflitos agrários e contribuição social.
A bancada do agro, no entanto, busca anular o decreto com uma proposta apresentada por Rodrigo Valadares (União-SE). O aval da Comissão de Agricultura já foi dado e seguirá para a CCJ (Comissão de Constituição de Justiça e Cidadania).
"A movimentação bolsonarista para implusionar o agronegócio no Congresso tem relação com o massacre em Tremembé (SP)", deputado João Daniel (PT-SE)
Daniel relata a existência de um "pacote anti-MST" chefiado por representantes do agronegócio, que dificulta a execução da reforma agrária com uma atividade intensa nos últimos anos.
PRISÃO DE SUSPEITO
O Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) determinou, na tarde deste sábado, que a Polícia Federal abra um inquérito para investigar o ataque. Antônio Martins dos Santos Filho, 41, conhecido como "Nero do piseiro", foi detido no sábado (11) após ser reconhecido por testemunhas. Ele passou por audiência de custódia na manhã deste domingo (12), e a Justiça decidiu mantê-lo preso por 30 dias. Os suspeitos sequer tiveram a preocupação de cobrir o rosto, tamanha a certeza da impunidade.