São Paulo tem mais de seis imóveis vazios para cada sem teto


Centro de São Paulo ocupado pela "Cracolândia" é a maior concentração de sem tetos do país. Crédito: Joel Silva/Folhapress



São Paulo, SP, 

O número de indivíduos em situação de rua na cidade de São Paulo foi multiplicado por mais de 30 nos últimos 13 anos. Eram 3.842 em dezembro de 2012, mas atualmente 92.556 pessoas vivem nas ruas de São Paulo. Com quase 600 mil imóveis particulares obsoletos, desocupados ou abandonados são seis imóveis ociosos para cada sem teto. 

O Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua da Universidade Federal de Minas Gerais (Polos/UFMG), aponta que, em média, 70 pessoas por dia ficam desabrigadas nas ruas de São Paulo. Este levantamento ainda relata que a cada dez pessoas em situação de rua no País sete não terminaram o Ensino Fundamental; sendo que 11% são analfabetos

A cidade enfrenta pela primeira vez em cem anos um declínio populacional, principalmente em virtude das mudanças demográficas e do aumento do custo de vida. A Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados) coletou dados que apontam entre 2019 e 2023 um encolhimento de 0,7%.  

As transformações podem ser ilustradas por números como os da taxa de natalidade.  Houve um declínio de 44% entre 2000 e 2023 no número de nascimentos, enquanto a mortalidade - severamente agravada pela pandemia de Covid - cresceu 17% no mesmo período.  

A migração também é um marco importante. Desde 2000 o êxodo de paulistanos inflaciona os municípios vizinhos e o interior do estado, ao passo que cada vez menos imigrantes buscam residência na capital. A economia da cidade e o custo de vida aumentam com este fator que desequilibra a sustentabilidade urbana.  


  ORÇAMENTOS 


Entre janeiro e novembro de 2024 o governo de São Paulo e seus municípios receberam R$ 63,3 bilhões do Governo Federal. Somado a esse montante, a Câmara municipal aprova para o ano de 2025 o orçamento de R$ 125 bilhões, a maior cifra da história. O valor representa aumento de 12% em relação ao orçamento de 2024. 

A Secretaria Municipal de Habitação (SMH) vai receber R$ 4 bilhões (R$ 379 milhões a mais  em relação a 2024), enquanto a Secretaria Municipal de Segurança Urbana (SMSU) ficará com R$ 1 bilhão (aumento de R$ 253 milhões em relação a 2024)