Reféns Cruzam a faixa de Gaza e encontram cenários distintos em seus respectivos países
Após um ano e meio de escalada na violência, com milhares de mortos (a maioria de origem palestina), reféns de ambos os lados comemoraram a volta para casa neste mês de janeiro. O cessar-fogo entre Israel e Palestina evidencia os resultados de mais um capítulo na guerra que se estende por décadas.
Os cenários são distintos. Enquanto a estratégia do "Domo de Ferro" (monitoramento israelense que intercepta ataques aéreos com mísseis teleguiados) funcionou e protegeu Tel Aviv, capital de Israel; o lado ocidental de Jerusalém, em Ramala, sofreu graves consequências.
Os danos causados pela ofensiva em solo árabe foram catastróficos. As imagens são devastadoras e ainda não há um plano para reconstrução nos próximos anos. Na última quinzena foram liberados 583 reféns palestinos em troca de 18 israelenses. Veículos midiáticos de grande expressão como o Estadão veiculam a notícia adjetivando a defesa palestina como "terrorista". Porém, as práticas de sequestro bem como a morte de mulheres, crianças, idosos e civis foi amplamente praticada pelo Estado de Israel, apoiado pelo silêncio da ONU e das nações que compõem a cúpula geopolítica.
Ramala destruída após um ano e meio de ataques contínuos por terra e ar. Crédito: Hassan Ammar/Associated Press
Palestinos caminham para retirar comida, roupas e remédios no território onde a ajuda humanitária internacional tem autorização de Israel para entrar. Crédito: Khalil Ramzi/Reuters
CENÁRIOS E REALIDADES DIFERENTES
O Estado palestino não tem sequer recursos para se defender. Oficialmente, o braço militar do seu povo é chamado de grupo "terrorista e extremista", o Hamas. Ou seja, não se trata apenas de uma guerra entre duas nações. É um silenciamento perene construído por anos de opressão. Ao considerar que o Hamas não passa de uma milícia, o mundo justifica o bombardeio de escolas, hospitais e residências inocentes alegando que escondem e abrigam um suposto banditismo.
A volta dos 18 reféns israelenses foi um marco para a comunidade sionista que se sente aterrorizada pela presença dos vizinhos árabes. Cada refém encontra o apoio popular e suas famílias na volta para casa. Em um ato apoteótico, os reféns são recebidos como heróis e heroínas, escoltados pelo exército.
Helicóptero israelense é aguardo com grande festa e comoção em Tel Aviv. Ronen Zvulun/Reuters
Com atenção médica e amparo dos países mais ricos do planeta, os reencontros familiares são comoventes. Mostram que os cidadãos continuam saudáveis mesmo após o cativeiro durante a guerra. O resultado do conflito mais recente, com sua tensão ininterrupta nos últimos 130 anos, aponta que a iniciativa palestina é contra as irregularidades estatais do governo israelense e não contra os judeus. Com amplo poderio militar, o governo sionista expulsa e delimita a vida muçulmana em locais previamente pacificados pela ONU em acordos mútuos assinados pelos dois países ao longo do século XX.
Mãe israelense tem apoio hospitalar, luz elétrica e apoio familiar ao ser libertada pelo Hamas. Crédito: Schneider Children's Medical Center/EFE
KHALIDA JARRAR LIBERTADA
A revolucionária Khalida Jarrar foi libertada no dia 20 de janeiro junto do primeiro grupo de 90 mulheres palestinas entregues por Israel em troca de três reféns mantidos pela Resistência Palestina na Faixa de Gaza.
Sua chegada com sua família foi motivo de júbilo para o povo da Cisjordânia, pois havia grandes temores por sua saúde e integridade física após meses de detenção em circunstâncias muito difíceis.
A irmã de Jarrar contou ao Al Mayadeen que a pequena cela em que ela era mantida, sem direito a sair para o pátio, não tinha nem saída de ar. Ela também denunciou os métodos usados pelas autoridades prisionais sionistas. De acordo com ela, seu objetivo é "branquear as prisões" e causar o máximo de sofrimento físico e psicológico.
Khalida Jarrar é uma líder da Frente Popular para a Libertação da Palestina, e sua libertação foi exigida por sua família, pela Resistência, por organizações de prisioneiros e ex-prisioneiros palestinos e por organizações de direitos humanos durante todo o seu período de prisão.
* Este texto conta com informações do site Al Mayadeen, Espanha
@almayadeen_es