45 anos de um Nobel da Paz
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| Adolfo Perez Esquivel exibe seu prêmio Nobel da Paz em 1980. Foto: SERPAJ-Argentina |
Em 13 de outubro de 1980, o Comitê Nobel anunciou a outorga do Prêmio Nobel da Paz a Adolfo Pérez Esquivel, em reconhecimento à sua luta consistente e não violenta pelos direitos humanos na América Latina, durante um período marcado por ditaduras militares atrozes.
Pérez Esquivel atuou como Secretário-Geral do Serviço de Paz e Justiça (SERPAJ), organização fundada em 1974 que promovia a libertação dos povos por meio da não violência ativa. Sob sua liderança, o SERPAJ tornou-se uma voz fundamental na denúncia das atrocidades cometidas por ditaduras no Cone Sul, particularmente na Argentina, Chile, Uruguai e Brasil.
Nessa posição, ele trabalhou incansavelmente para documentar e chamar a atenção internacional para os desaparecimentos forçados, torturas e assassinatos políticos que ocorriam na região.
Em um contexto de extrema violência estatal, e no qual também emergiram grupos de resistência armada, Pérez Esquivel permaneceu firme na filosofia da Não Violência, inspirado por figuras como Mahatma Gandhi e Martin Luther King Jr. Essa abordagem foi crucial para o Comitê Nobel, pois representava uma alternativa ética e não violenta à brutalidade repressiva.
Ao lhe conceder o prêmio, o Comitê não apenas homenageou seu trabalho, mas também enviou uma mensagem de apoio e reconhecimento a todos os povos da América Latina que sofrem sob regimes opressores. O próprio Pérez Esquivel foi vítima direta da ditadura: em 1977, foi sequestrado, torturado e sobreviveu aos voos da morte.
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| Esquivel permaneceu detido e desaparecido por 14 meses e, em seguida, cumpriu quase mais dois anos em prisão preventiva. Foto: SERPAJ-Argentina |
A atenção do Comitê Nobel estendeu-se além das fronteiras da Argentina. Pérez Esquivel e o SERPAJ representavam uma rede continental de resistência não violenta às ditaduras, coordenada pelo Plano Condor. O prêmio tornou a luta pelos direitos humanos visível como uma questão regional que exige atenção global, ao mesmo tempo em que conferiu legitimidade internacional às organizações da sociedade civil.
O prêmio foi um duro golpe para a imagem internacional do regime militar, que tentou minimizar sua importância. Ao fazê-lo, destacou o poder de ativistas e organizações que lutam por seus direitos.








